Nunes e Boulos priorizam propostas em confronto morno


Em último encontro antes do 2º turno, candidatos a prefeito de SP questionam mudanças de posição, repetem temas e trocam ironias

O último debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol), realizado na noite de 6ª feira (25.out.2024) pela TV Globo, não trouxe grandes novidades. No confronto, os candidatos discutiram propostas, repetiram acusações feitas durante a campanha do 2º turno e trocaram ironias.

Já no 1º bloco, Nunes acusou Boulos de trocar de posição em relação a temas como liberação das drogas, desarmamento policial e legalização do aborto. “O problema é que você sempre defendeu essas teses. Tudo bem, pode mudar, você está no período eleitoral, mas é isso mesmo? Só para as pessoas saberem”, provocou. “Não sei se é desespero. Quem tem 2 caras nesse debate é você. Disse que era a favor da vacina, recebeu apoio do [ex-presidente Jair] Bolsonaro, virou contra. Fez até vídeo dizendo que ele fez tudo certo durante a pandemia”, rebateu o psolista.

Os candidatos resgataram acusações feitas anteriormente, como o envolvimento de Nunes em uma confusão na porta de uma boate em Embu das Artes que envolveu um tiro para o alto. O caso, publicado originalmente pelo Metrópoles, aconteceu em 1996. À época, Nunes disse que a pistola era de um amigo, Marcio Gonzales Garcia, e o tiro tinha sido acidental. Assim como durante o debate da Record, realizado no último sábado (20.out), o atual prefeito afirmou que estava apenas separando uma briga. Em troca, Nunes acusou novamente Boulos de ter participado de uma depredação do prédio da Fiesp e citou inquérito de 2022 revelado pela Folha de S. Paulo que classificava o adversário como “criminoso”.

Nunes também fez uma provocação direcionada à Marta Suplicy (PT), vice na chapa de Boulos. Os candidatos discutiam saúde quando o emedebista acusou o ministro da Fazenda e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, de não ter cumprido promessas na área. Falando sobre aliados, Boulos perguntou se Nunes considerava o governo de Marta (2001-2004) ruim. “Queria perguntar o que você achou dela ter liderado o processo de impeachment da Dilma”, disse Nunes.

Em outro momento, o emedebista ironizou a fama de invasor de Boulos. O deputado federal havia se aproximado do atual chefe do Executivo municipal, que disse que seu espaço estava sendo invadido e pediu “licença”. Sorrindo, o psolista respondeu: “Fique à vontade.”

Propostas

Apesar dos momentos de hostilidades, o debate teve clima morno e foi marcado por discussão de propostas. Um dos temas principais foi a saúde. Nunes defendeu sua gestão, citando abertura de 19 UPAs na cidade e distribuição de 300 milhões de medicamentos por mês. Boulos disse que os paulistanos têm dificuldades para encontrar remédios e marcar exames.

O trabalho foi outro tema que dominou o debate. Nunes perguntou a opinião de Boulos sobre o programa Meu Trampo, iniciativa da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania que fornece capacitação para jovens empreendedores. Boulos aproveitou a deixa para citar o apoio de Tabata Amaral (PSB) à sua candidatura. “Recebi com muito orgulho o apoio, incorporei um projeto dela [o programa Jovem Empreendedor, que visa a oferecer um sistema de crédito para jovens que pretendem empreender]”, disse. “Também vamos fazer o Acredita Mulher, junto com o presidente Lula, para dar apoio às esteticistas, salgadeiras, boleiras”, afirmou.

Os candidatos também discutiram moradia. Nunes prometeu entregar até o final do ano 72.000 unidades habitacionais na cidade. O prefeito citou o programa “Pode entrar” e pediu a opinião de Boulos sobre o projeto. O psolista rebateu afirmando que o programa não foi criado por Nunes, mas por Bruno Covas (ex-prefeito de São Paulo morto em 2021, de quem Nunes era vice) e acusou o emedebista de não ter entregue nem 8.000 unidades até o momento.

O debate foi dividido em 4 blocos. No 1º e no 3º, cada um com 20 minutos de duração, o confronto teve tema livre. No 2º e no 4º, os candidatos discutiram temas pré-selecionados pela organização, tendo 5 minutos de fala em cada rodada. No 4º bloco, Nunes e Boulos fizeram considerações finais. A mediação foi feita pelo jornalista César Tralli.

QUEM APOIA QUEM NO 2º TURNO

O QUE DIZEM AS PESQUISAS

  • Datafolha – Nunes 49% X 35% Boulos: o levantamento ouviu 1.204 pessoas em São Paulo (SP) de 22 a 23 de outubro de 2024. A margem de erro é de 3 p.p., para mais ou para menos, e o intervalo de confiança, de 95%. Está registrada no TSE sob o número SP-SP-07600/2024.
  • Paraná Pesquisas – Nunes 51,7% X 39,6% Boulos: o levantamento ouviu 1500 pessoas em São Paulo (SP) de 18 a 21 de outubro de 2024. A margem de erro é de 2,6 p.p., para mais ou para menos, e o intervalo de confiança, de 95%. Está registrada no TSE sob o número SP-SP-05509/2024.
  • Real Time Big Data – Nunes 51% X 40% Boulos: o levantamento ouviu 1.500 pessoas de 21 a 22 de outubro de 2024. A margem de erro é de 3 p.p., para mais ou para menos, e o intervalo de confiança, de 95%. Está registrada no TSE sob o número SP- 05803/2024.
  • Quaest – Nunes 44% X 35% Boulos: o levantamento ouviu 1.200 pessoas de 20 a 22 de outubro de 2024. A margem de erro é de 3 p.p., para mais ou para menos, e o intervalo de confiança, de 95%. Está registrada no TSE sob o número SP-06257/2024.

COMO FOI O 1º TURNO EM SÃO PAULO

A campanha para prefeito de São Paulo tem sido marcada por xingamentos entre candidatos, momentos controversos e até de agressão física. Três foram mais relevantes:

  • 15.set.2024 – no debate da TV Cultura, Datena perdeu o controle e agrediu Marçal com uma cadeira. Ele teve que ser contido por seguranças. O episódio fez a RedeTV! parafusar no chão as cadeiras usadas no encontro seguinte, de 17 de setembro;
  • 24.set.2024 – o debate do Flow Podcast já estava no final quando Nahuel Medina, da equipe de Marçal, deu um soco na cara de Duda Lima, marqueteiro de Nunes. Medina alegou que havia sido agredido primeiro, mas as imagens disponíveis não indicaram isso;
  • 4.out.2024 – na antevéspera do 1º turno. Marçal compartilhou em seus perfis nas redes sociais a imagem do que seria um laudo médico indicando que Boulos havia dado entrada em uma clínica com um quadro de surto psicótico e que um exame teria indicado o uso de cocaína. Era uma falsificação grosseira. A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar a veracidade do documento postado por Marçal e logo concluiu que se tratava de uma montagem. A Meta derrubou a publicação do perfil do ex-coach.

Consulte aqui o quadro completo da apuração em São Paulo (SP).





Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-eleicoes/nunes-e-boulos-priorizam-propostas-em-debate-morno-na-tv-globo/