Ministro da Fazenda declara que nunca viu um “país ir para frente negando as evidências científicas”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 2ª feira (14.out.2024) que ficou “preocupado” com o resultado das eleições municipais no país. Declarou que o conservadorismo com discurso anticientífico e antidemocráticos tem ganhado força. Afirmou que a humanidade precisa de mais “centralidade” do ponto de vista racional.
“O mundo está muito mais conservador e muito mais distópico do que a gente imagina. Hoje tem espaço para todo tipo de retórica. Aquilo que parecia improvável 10, 20 anos atrás, improvável do ponto de vista retórico, hoje existe lugar de fala, como se diz no jargão usual, para qualquer um. Existe lugar de fala para qualquer narrativa”, declarou. Haddad participou de evento organizado pelo Itaú BBA nesta 2ª feira (14.out.2024).
Ele afirmou que o discurso conservador está ganhando força, apesar de imaginar que ficaria “para trás”. Declarou que há um discurso anticientífico, antidemocrático e intolerante que “não está perdendo espaço” no Brasil.
“Você vê que mesmo gente que come com garfo e faca fala contra a vacina, fala contra mudança climática. É uma situação que a mim, que venho de uma universidade, me preocupa”, declarou o ministro. “Isso não vai nos levar para um bom lugar”, completou.
Haddad disse que o Brasil precisa estar cada vez mais amarrado às evidências empíricas, à ciência, à liberdade e ao respeito às diferenças. “A economia se compõe com um todo que precisa funcionar, institucional”, declarou.
NOBEL DE ECONOMIA
O ministro citou o prêmio Nobel de Economia divulgado nesta 2ª feira (14.out.2024), que premiou o turco Daron Acemoglu, o britânico Simon Johnson e o norte-americano James A. Robinson. O estudo era sobre prosperidade das instituições.
“Eu sou muito institucionalista da maneira de ver a economia. Eu penso que desenhar boas instituições é o segredo para que o desempenho econômico seja mais satisfatório. Eu penso que o foco nosso tem que ser nisso. E, obviamente, que a ciência tem que fazer parte desse projeto”, disse. “Nunca vi nenhum país ir para frente negando as evidências científicas, as recomendações da ciência”, completou.